quarta-feira, setembro 26, 2012

Foral de Leiria de 1510 descoberto em Évora

O terceiro foral de Leiria, de 1510, foi redescoberto em Évora por Saul António Gomes, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Trata-se de “um preciosíssimo manuscrito do século XVI e um dos mais importantes de Leiria”, disse ao nosso jornal o historiador.
“Já se conhecia o registo que está na Torre do Tombo”, mas este documento, que o professor universitário considera ser “a mais completa versão”, tem a assinatura do rei D. Manuel. Para Saul Gomes este facto serve também para “comprovar o prestígio e o estatuto administrativos” do município de Leiria.
O foral manuelino, que legislava os deveres no campo do direito fiscal, criminal e civil da autarquia, é o mais longo da história de Leiria, tendo-se mantido em vigor durante mais de três séculos, entre 1510 e 1822. O documento, que pertenceu aos marqueses de Vila Real e que se julgava ter sido destruído durante as invasões francesas, está exposto na Casa da Duquesa de Cadaval, em Évora.
“Foi assim que se reparou na sua existência”, afirma Saul Gomes, que, explica, “para muitas pessoas, nem sequer tinha interesse”.
Apesar de ainda não ter podido manusear o documento, o historiador adianta que este, “em princípio, compreende não só o texto do foral, mas também outros elementos que terão sido acrescentados”.
Esta figura jurídica aparece por toda a Europa durante a época medieval, justificando-se, em Portugal, pelas cerca de seis centenas de municípios que compunham o país.

Imagem do Foral de Leiria de 1510 (fotografia: Beatriz Ferreira/Jornal de Cortes)
Texto : Região de Leiria

quarta-feira, setembro 19, 2012

Papiro cita Jesus a falar da sua mulher

Uma historiadora norte-americana revelou num congresso em Roma ter identificado um papiro escrito no século IV com uma frase que nunca se viu nos Escrituras: “Jesus disse-lhes: ‘A minha mulher…”
São apenas oito linhas de texto, num rectângulo de quatro por oito centímetros, parece um cartão de visita. O que lá está escrito só se consegue ler quando posto sob uma lente que faça aumentar o texto. A seguir à frase sobre a mulher de Jesus, vem outra, igualmente provocadora: “Ela poderá ser meu discípulo”.
Isto não quer dizer que Jesus, o homem real, tenha sido casado, sublinhou Karen L. King, investigadora da Harvard Divinity School ao New York Times, que viu o papiro e falou com a historiadora antes de ela revelar o seu trabalho esta terça-feira em Roma, no Congresso Internacional de Estudos Coptas.
Este texto terá sido escrito vários séculos depois da vida de Jesus, e as fontes mais contemporâneas são omissas nesse importante pormenor. Mas, a confirmar-se a veracidade deste papiro, é mais uma prova de que havia uma grande discussão na altura sobre se Jesus era celibatário ou casado, e qual a via que os seus seguidores deveriam seguir, disse King ao New York Times.
“Já sabíamos que havia uma controvérsia no século II sobre se Jesus era casado, que foi incluída no debate sobre se os cristãos deviam casar-se e fazer sexo”, explicou a investigadora, que é especialista em literatura copta e escreveu livros sobre o Evangelho de Judas, o Evangelho de Maria Madalena, o gnosticismo e as mulheres na antiguidade.
O processo de verificação da autenticidade do papiro está ainda a decorrer, embora os testes feitos até agora tenham convencido King e os outros cientistas que trabalharam nele da sua autenticidade. O relato da sua descoberta e a sua análise foram submetidos para publicação em Agosto na revista científica The Harvard Theological Review, que pediu a três cientistas para reverem o trabalho.
Dois questionaram a sua autenticidade mas, Segundo Karen King, viram apenas fotografias de baixa resolução do fragmento de papiro e não sabiam que já tinha sido analisado por papirologistas que o consideraram genuíno. Um deles questionou a gramática do texto, a sua tradução e interpretação. Mas mais uma vez King disse ao New York Times que um eminente linguista copta da Universidade Hebraica de Jerusalém, quando consultado, considerou o texto autêntico, “com base na linguagem e na gramática”.
O artigo científico descrevendo o papiro acabará por ser publicado na edição de Janeiro da revista The Harvard Theological Review.
O que não será tornado público é a origem do papiro: King diz que lhe chegou às mãos no ano passado, através de um coleccionador anónimo, que não quer ser identificado, para não ser assediado por compradores. Tudo o que revela é que comprou este papiro num lote, em 1997, ao anterior proprietário, um alemão. Vem com uma nota escrita à mão, em alemão, que nomeia um professor de egiptologia de Berlim, já falecido.
Jornal Público